SÓ DEU JACARÉ
Retornando do Cedro depois de passar quase seis anos trabalhando naquele laborioso
município, Otacílio desempregado, como última tentativa
arranjou um sócio, Mário Cassundé, para bancar o jogo do
bicho em Várzea Alegre.
Nos primeiros dias conseguia empatar, as vezes sobrava algum e ia sobrevivendo.
O sistema de sorteio era através de duas latas com vinte e cinco bichos
impressos na mesma quantidade de papéizinhos. De manhã cedo mandavam
um menino tirar um papel da lata que continha os vinte e cinco e colocava na
outra lata que não tinha nada. Esse era o bicho do dia.
Somente ele e o sócio faziam a estatística para saber qual o bicho
que deveria aparecer.
Espertamente resolveu que devia dar jacaré, pois esse bicho era desconhecido
e nunca tinham visto um em Várzea Alegre.
Naquele dia sessenta por cento dos apostadores jogaram no jacaré.
Não satisfeito e achando que foi coincidência insistiu mais dois
dias no jacaré. Foi pior, oitenta por cento jogaram no danado réptil.
Otacílio alquebrado e quebrado desconfiou de alguma maracutaia.
Mas só descobriu vinte anos depois que o sócio junto com Antônio
Romão tinham feito a tramóia e ganho todo o seu capital. POR CONTA
DISTO DEU FORTALEZA NA CABEÇA.
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